segunda-feira

Os clássicos de Rui Barata


Fiat Uno 60 SX
(está cotado como clássico, a partir dos 20 anos, pela "Ruoteclassiche" - publicação internacionalmente reconhecida no assunto e pela FIVA - organismo máximo internacional responsável por esta matéria (30 anos).
Ao abrigo da legislação portuguesa e, para efeitos de seguros, já pode usufruir de apólice de clássico.

Em fevereiro de 2013 foi alvo de artigo na Revista:


Nascido a 27 de Abril de 1992, em Portugal, sou de origem da terra das pizzas, juntamente com todos os meus irmãos Uno (versão italiana). Tive apenas três donos, sendo o último o que mais me estimou e que há mais tempo está comigo! Ele protege-me desde os meus seis anos de vida e, segundo o que ele afirma, serei dele para todo o sempre, pois fui o seu primeiro carro! De quase nove milhões de unidades produzidas (versões italianas e brasileiras), já poucos irmãos circulam em boas condições e muitas versões foram desaparecendo. Apesar de tudo fomos um dos carros mais comercializados da história do automóvel, logo a seguir ao Carocha e, posteriormente, ao Ford T e ainda nos tornámos no automóvel italiano mais vendido de sempre. Graças à família Uno, a nossa mãe Fiat foi líder no mercado europeu – Portugal não foi excepção durante vários anos – e no Brasil. Rei dos carros pequenos nos anos 80 (altura em que surgiu o boom dos utilitários), alcunharam-nos de lendários e marcantes, pois nascemos inovadores, para além de termos sido revolucionários nalguns aspectos: destaque para a adopção de um motor limpo, o FIRE e para a utilização da electrónica e de materiais alternativos… A isto se devem vários factores, entre outros:
- 1º Fiat apresentado internacionalmente, tendo marcado uma nova era, filosofia e estratégias no grupo italiano;
- design marcante e revolucionário de Giugiaro associado a uma carroçaria que foi referência no segmento em espaço; tendo rivalizado e ganho aos seus concorrentes e a veículos superiores em aspectos como a ergonomia, aerodinâmica (0,34 – 1ª versão; 0,30 na 2ª) e visibilidade, tendo até sido considerado, em 2007, o carro com a melhor visibilidade do mercado brasileiro;
- o mais bem equipado (destacando-se os amortecedores a gás, em todas as versões, o check panel electrónico, os estofos em veludo, os faróis de nevoeiro dianteiros, os pára-choques pintados na cor da carroçaria, os contornos desportivos marcados pelos plásticos circundantes às rodas e nas embaladeiras, ponteira cromada, entre outros equipamentos ausentes na concorrência, equiparando certas versões e também relativamente a carros mais caros). Concretamente, a minha essência (série 60 SX - modelo de carburador – e com tecto de abrir), apenas dispunha deste último equipamento por opção. Deste modo, sou relativamente raro, na versão de injecção 1.1 e mais ainda, na versão de carburador, principalmente no ano de 1992, onde surgiu a passagem para sistemas de injecção;
- somos ainda extremamente acessíveis na compra e na manutenção: características raras nesta e noutras categorias de veículos;
- introdução do motor FIRE – em produção há mais de 20 anos – que inaugurou uma nova era de propulsores na Fiat e na Lancia, apresentando as seguintes características: produção totalmente robotizada, com motores a serem montados de 20 em 20 segundos; menos peças móveis; mais leves; blocos, árvores de cames à cabeça e cambotas em ferro fundido, tornando-se num dos mais robustos e rotativos dentro do segmento. Foram constatados inúmeros casos de mais de 200.000 kms. feitos e alguns com cerca de 400.000, sem intervenções de “coração aberto”. Também o binário máximo se manifestava mais cedo que na concorrência, sendo igualmente dignas de registo as velocidades de ponta. Em caso de rotura da correia de distribuição os componentes internos ficam intactos, ao contrário da maior parte dos outros carros. Para além disto eram ainda dos mais ecológicos e económicos. O Fire 1000destacou-se ainda por se ter tornado no primeiro propulsor 1.0 do mundo a apresentar ignição semi-electrónica;
- ganhámos 23 prémios internacionais, sendo de realçar: Prémio «Carro do Ano 1984», na Europa; Prémio «Carro do Ano 1985 e 1992», no Brasil; «Carro do Ano», (aquando do seu lançamento) na Jugoslávia, Noruega e Irlanda. Destaque ainda para o facto de termos sido considerados pela imprensa britânica especializada, nos anos 80, como os melhores carros pequenos de sempre. Temos ainda sido referenciados, positivamente, ao longo do tempo, por outras publicações nacionais e estrangeiras;
Para além de todas estas inovações e características fomos também utilizados em ralis e provas desportivas, na juventude e na velhice, dentro e fora de Portugal, onde pilotos de renome se iniciaram.
Dada a nossa extraordinária polivalência e devido à popularidade que atingimos tornámo-nos táxis, carros de aluguer (rent-car), carros de apoio ao serviço de governos e de particulares, bem como da GNR e da polícia, em vários países. Jovens e menos jovens, homens e mulheres de todos os extractos sociais, apaixonaram-se pela nossa maneira de ser.
Do Uno foram ainda desenvolvidas muitas variantes, dando origem a uma grande família, sendo um dos carros da história do automóvel que mais deu origem a outros. Stations-wagons, como a Palio, comerciais como a Fiorino, cabriolets e modelos 3 volumes com o “Prêmio”, são alguns exemplos. A nossa plataforma, ou seja, os chassis nº 178, são assim dos mais bem conseguidos e famosos na marca que nos deu à luz.
De tantas alegrias que temos dado à nossa Fiat, ela mantém a aposta em nós, pois continuamos a dar muito lucro. Deste modo achou que devíamos ainda ser produzidos no Brasil e comercializados neste país (terceiro carro mais vendido nos dias que correm), bem como na Argentina, Chile, Venezuela, República Dominicana, na Argélia (norte de África) e África do Sul. Não há dúvida que marcámos uma época pelos nossos numerosos aspectos positivos e, consequentemente, pela maravilhosa história de vida que cultivámos, apesar de alguns defeitos constatados, como em qualquer outro automóvel. Assim, somos já considerados como um ícone para a Fiat e para o mundo dos carros chamados populares.

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